20 de mai. de 2008

À Flor da Pele

Flor da Pele

Composição: Zeca Baleiro
Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...(2x)

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de nem ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...(2x)

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!

Oh, sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que não acredito
Mais em você
Eu não preciso
De muito dinheiro
Graças a Deus!
Mas vou tomar
Aquele velho navio
Aquele velho navio!

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicído!

***


Zeca Baleiro - A Flor da Pele

19 de mai. de 2008

Deus e Maitê Proença

"Deus surgiu na minha vida aos 6 anos de idade, e chegou junto com o pecado.Filha de pais ateus, até então, eu não havia sido apresentada a uma coisa nem outra.Um dia colocaram-me num colégio de freiras no qual rapidamente fui atualizada sobre essas questões importantes da vida. Ali aprendi que algumas faltas eram mais graves que outras. Matar, por exemplo. Mas eu nunca matei ninguém...Ah, é? E, quando você caminha, o que acontece com todas aquelas formigas que vão sendo pisoteadas?Assustada, passei meses andando de cabeça baixa para evitar tamanho pecado.
Trocaram-me de colégio.Passou-se um ano, e surgiu o assunto da primeira comunhão.Você não vai fazer? Não sei, o que é isso?É para Deus te perdoar dos pecados. Ahn...Em casa, minha mãe tirava dúvidas a sua maneira: Deus é como Papai Noel, só existe para quem acredita nele.E ela sabia que eu já não acreditava. Assim, pulamos a primeira comunhão.Aí minha mãe morreu, meu pai pirou, e por coincidência fui parar numa hospedaria para filhos de missionários luteranos americanos, espalhados pelo Brasil.Ali se rezava antes de cada refeição, e, à noite, por uma hora de fervor, cantavam-se hinos de louvor a Cristo.Éramos 30 meninas e meninos, de 5 a18 anos, cuidados por um casal que viera de Minnesota com a missão de manter a fé daqueles pirralhos custasse o que custasse.Meu caso deu certo trabalho.Eu não fazia parte da turma, não tinha fé alguma, e era imprescindível integrar-me às crianças cristãs antes que elas se integrassem a meus modos pagãos.Acontece que aquela gente era muito boa, e eu andava numa carência infinita.Então, com o amor que me dedicaram, demorou pouco para que eu me bandeasse de armas e bagagem, pensamentos e espírito para onde a seta luterana apontava.
Assim, aos 14 anos, passei a viajar pelo Brasil uma vez por mês, dando testemunhos de minha conversão a Jesus em igrejas protestantes espalhadas pelo país.Aos 16, cansei dessa vida, discuti com o responsável da hospedaria e fui bater na porta de uma igreja Católica.Você é padre, não é? Pois eu sou órfã, e não tenho onde morar.Padre Xico me convidou para morar na torre da igreja, e ali me instalei por um par de anos.
No térreo ficava a sala de estar. O sacerdote morava no 1º andar, o segundo piso servia para hospedar bispos e monsenhores, e no terceiro ficava meu quarto.Certa vez aconteceu um show do Vinicius e Toquinho na cidade, e eu fui conferir.Ao final do espetáculo, fui cumprimentar os artistas, e Toquinho se ofereceu para me levar em casa.Quando pedi que estacionasse na porta da igreja, o moço não entendeu nada.Você mora com o padre?Moro.E você dá para o padre?Não, o padre é casto, e eu sou virgem - não dou para ninguém.As segundas intenções que levaram Toquinho a me acompanhar, tão gentilmente, até minha casa morreram ali.Anos depois, já atriz, eu contei essa história para ele, e ambos demos boas risadas.
A vida foi seguindo. Levou-me para a Europa, e dali para a Ásia, numa peregrinação que duraram dois anos. Eu ia a pé, de carona, como desse - e ia conhecendo bem a gente local.Quando se viaja pobre, precisa-se das pessoas, da generosidade delas, de suas gentilezas.Nessa troca diária em que eu também tinha de estar disponível, conheci muita gente boa e simples. E gente simples tem religião.Pelas pessoas, e não por interesse em suas crenças, fui novamente levada a Deus.Agora Ele ganhava várias faces, e as formas de louvá-Lo eram múltiplas e sempre muito fervorosas. Assim, fui percebendo que Deus não dava a mínima se a gente queria chamá-lo de Buda, Maomé, Oxalá ou Jesus.Deus não cabia numa caixinha, nem na minha compreensão, e isso de certa forma me confortava.Então, quando mais tarde a vida apertou e minhas pessoas começaram a morrer muito pela segunda vez - amigos, meu pai e meu irmão se mataram - e minha solidão precisava de um amor sobrenatural para sará-la, lembrei de Deus, e fui procurá-lo. Quando encontrei, Ele era um Deus maduro e generoso, que me curou por inteiro, e, como que para me separar definitivamente de todo mal, ainda me deu uma filha de presente.Eu que tentava havia dez anos, sem nenhum problema físico, só consegui engravidar quando virei uma pessoa completa, ou seja, de espiritualidade plena.Não vou contar, porque não cabe aqui, como se deram os milagres de minha vida, mas esse de minha filha aconteceu exatamente nessas circunstâncias.
O Deus que hoje reconheço é doce, tolerante, compreensivo e infinitamente bom.É Ele quem me orienta e me encaminha todos os dias em cada momento.Olhando para trás e lembrando de tantas ocasiões em que poderia ter desistido de tudo, mas não o fiz, percebo que sempre houve um clarão o fim de cada túnel, e que essa luz dava sentido a todos os aspectos e minha caminhada.Antes, apenas, eu não sabia que a luz tinha um nome. Hoje eu sei. O Clarão é Deus "

Fonte: Revista Época nº 397

Kid Abelha :: Eu Tô Tentando

18 de mai. de 2008

Escultores de Almas

Péricles foi um célebre orador e estrategista que governou Atenas de 460-430 a.C., e ficou conhecido na história como a maior figura política daquela cidade. Estimulou as artes e a cultura, realizou grandes construções como o Partenon, templo pagão de insuperável perfeição arquitetônica e riqueza escultural de Atenas.
Certa feita, promoveu uma grande festa em homenagem à beleza da cidade de Atenas, para a qual mandou convidar todos aqueles que de alguma forma haviam contribuído para que a cidade ficasse tão bela. Avisado que os convidados já estavam presentes, Péricles lançou seu olhar sobre os salões e notou escultores, pintores, arquitetos, políticos, mas não percebeu nenhum pedagogo. Chamou seus assistentes e lhes perguntou porque os pedagogos não estavam ali. E eles responderam: "porque não foram convidados, senhor. Afinal, não deram nenhuma contribuição para embelezar Atenas." Então Péricles ordenou: "Vão convidá-los imediatamente para a festa, pois são eles que embelezam as almas dos atenienses."
Interessante pensar no que isso significa.Importante refletir sobre o que significa ter o poder de esculpir nas almas daqueles que se dispõem ao aprendizado, à reflexão sobre os valores, as virtudes, o sentido da vida.E nesse contexto podemos dizer que os professores são escultores de almas, sim. Um dia um professor aposentado, alma sensível e dedicada, competente e estudioso, estava sendo entrevistado e lhe foi pedido para que falasse um pouco sobre sua maior produção literária, pois também é escritor, e ele falou com sabedoria: "Minha maior produção são os meus alunos."De fato, quem tem acesso a um ser humano, numa sala de aula, predisposto a receber lições, poderá deixar uma grande e nobre produção.
Trabalhar com as mentes e os corações é algo de valor inestimável. E como o professor também é um ser inacabado, a experiência numa sala de aula pode e deve ser uma grande oportunidade de ensinar aprendendo e aprender ensinando.No cômputo final, o resultado será uma grande experiência conjunta que faculta a ambas as partes momentos de embelezamento mútuo.
Se você tem o elemento humano sob sua responsabilidade, lembre-se da importância dessa nobre tarefa e seja um artista dedicado a embelezar as almas dos seus educandos, pois é de almas belas e nobres que a humanidade precisa.Pense nisso!Você, que é professor, antes de iniciar a sua aula, olhe para os rostos que estão a sua frente e lembre-se de que são almas prontas a absorver suas lições.E não serão somente as instruções formais que irão captar, mas, acima de tudo, essas almas absorverão suas vibrações de amor, dedicação e entusiasmo com que se dirige a todos. Afinal, ensinar é uma arte que requer mais do que simplesmente transferir informações. É a sabedoria de criar possibilidades para que cada aluno se produza e se construa a si mesmo com os elementos de reflexão que recebe do seu mestre. Pense nisso, e seja um bom escultor de almas.



Recebi o texto acima do Programa Vida Inteligente e desconheço a autoria.


Yanni :: One Man's Dream