11 de ago. de 2008

Uma Deusa Sábia e Guerreira



ATENA - Deusa das Artes e da Sabedoria


Métis, personificação da prudência, ia dar à luz um filho de Zeus. Ao consultar o Oráculo de Gaia, o deus soube que em seguida viria um filho que lhe tiraria o trono, assim como Zeus fizera a seu pai, Cronos. Temeroso, Zeus engoliu Métis, assegurando seu reinado.
Dias depois, sentindo uma dor lancinante na cabeça, chamou Hefestos, o deus do fogo e do metal. Este, que era o ferreiro divino, golpeou o crânio do pai com seu machado e viu surgir uma mulher adulta, já vestida com uma armadura e um elmo de ouro e portando um escudo e uma lança nas mãos. Era Atena, nova encarnação da sabedoria divina, deusa da justiça, que completara seu crescimento e nascera da cabeça do pai. Assim que a viu, Hefestos (Vulcano) reclamou-a como esposa como pagamento pelo serviço prestado a Zeus.
Mas Atena desejava manter-se virgem. Os gregos antigos não concebiam que uma grande virtude pudesse ser atribuída a uma mulher. Foi este o fato que deu origem à lenda do nascimento de Atena, ou Minerva. Pois o surgimento de uma deusa sábia e guerreira não poderia se dar pelo ventre materno. As qualidades masculinas de Atena (Minerva) não seriam aceitas se a deusa fosse leviana e libertina como as outra imortais olímpicas. Para ganhar e manter o respeito de guerreiros e povos inteiros, manteve-se virgem, num pudor avassalador que chegou a causar desgraças. Quando o gigante Palas tentou violenta-la, por exemplo, foi assassinado, e de sua pele foi feito o aigis, manto da virgindade. Para que não esquecessem sua vitória, adotou o nome de Palas Atena, sob o qual era invocada pelos gregos para proteger suas cidades. A sabedoria de Atena se traduz em sua belicosidade.
A deusa é uma divindade guerreira, mas usa sua força apenas de forma defensiva. Atena luta pela justiça e por seus ideais, visando a paz e encarnando o ideal bélico.Não só por seu caráter de justiça, Atena é considerada uma divindade civilizatória. A ela são atribuídos a criação da flauta e do leme, a fertilidade dos campos e rebanhos, os potes de barro para conservação de alimentos e a arte da tecelagem.

O caráter ideal de Atena parece ter sido forjado pelo escultor grego Fídias, pois seu busto da deusa, de uma fisionomia calma, forte, consciente e lúcida, passou a ilustrar os principais atributos de Atena.Esta famosa estátua, esculpida em ouro e marfim ficava no Partenon, templo mais importante consagrado à deusa em Atenas. A deusa era representada de pé, empunhando uma lança e coberta com seu manto protetor, a égide e a sua túnica. Interessante é que toda a rica ornamentação em ouro da estátua podia ser retirada com facilidade, pois era mister, quando a república se via em apertos, poder recorrer ao tesouro público, do qual a deusa era depositária.
Com todos estes atributos, Atena era uma deusa adorada e respeitada por toda a Grécia. Muitas festividades eram realizadas em sua homenagem. Algumas das mais importantes eram as Panatenéias, em Atenas, quando as melhores tecelãs iam à Acrópole carregando imenso manto, os homens ofereciam ramos de oliveira e os jovens galopavam cavalos selvagens. Havia corridas, lutas e torneios de poesia e música em homenagem à deusa. O objetivo religioso da festa era cobrir a deusa de um véu novo em substituição ao que fora gasto pelo tempo. Mas o objetivo político era ressaltar aos olhos das cidades vizinhas, a proteção de Atena.

ATENA E POSEIDON

O culto de Atena foi criado na cidade que recebeu seu nome pelo rei Cécrope, se difundindo depois por algumas cidades do Egito. Era costume na Grécia Antiga que toda cidade fosse consagrada a um deus. Quando Cécrope anunciou que recém fundara uma cidade, Atena e Poseidon se oferecem como protetores. Muitos outros deuses haviam se interessado, mas logo perceberam que a disputa teria de ser entre os dois.

Tanto Poseidon quanto Atena exprimiam forte desejo de proteger a nova cidade, e nenhum dos dois parecia disposto a abrir mão de sua vontade. O rei Cécrope decidiu, então, que os cidadãos escolheriam o deus que desse à cidade o presente mais útil. Assim foi feito, mas a população estava dividida. Os marinheiros apoiavam o deus dos mares e os guerreiros aclamavam a coragem da deusa. Poseidon se adiantou e batendo na terra com o tridente, criou o cavalo e fez jorrar uma fonte de água do mar, querendo dizer com isso que seu povo seria navegador e guerreiro.

Atena, por sua vez, domou o cavalo, transformando-o em animal doméstico, e, batendo na terra com a ponta de sua lança, criou uma oliveira carregada de frutos, mostrando que seus protegidos seriam grandes agricultores.Cécrope percebeu que a oliveira lhes seria mais útil e batizou a cidade com o nome de Atenas, em homenagem à nova deusa protetora. Mas Poseidon, sendo deus dos mares, não podia ser esquecido em uma cidade costeira. Os atenienses, então, ergueram na Acrópole um altar ao Olvido, monumento de reconciliação de Poseidon e Atena; em seguida, Poseidon participou das honras da deusa e retirou a maldição que jogara sobre a cidade.

Assim, os atenienses tornaram-se um povo navegador e ao mesmo tempo agrícola e manufatureiro. A partir de então, Atena passou a usar cavalos no capacete, como prova de sua reconciliação com Poseidon, a quem era consagrado o cavalo.Esta célebre disputa foi tema de um dos dois frontões do Partenão, esculpidos por Fídias, cujos fragmentos fazem parte do Britsh Museum em Londres nos dias atuais.
Atena foi cultuada em sua montanha santa, a Acrópole durante séculos. A confiança que a deusa inspirava, só começou a perder força e acabou por desaparecer com a influência cristã.



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